terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sinto vergonha de mim...

Esse texto foi publicado no Facebook por um querido amigo virtual (ainda!) e achei muito apropriado para o momento político que vivemos.

Sinto vergonha de mim – Poema atribuído a Ruy Barbosa recebe correção de autoria. Na declamação, Rolando Boldrin. Somente o último verso foi escrito por Ruy Barbosa. A parte inicial é de autoria da poetisa Cleide Canton.

SINTO VERGONHA DE MIM
Cleide Canton

Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o “eu” feliz a qualquer custo,
buscando a tal “felicidade”em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos “floreios” para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre “contestar”,
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer…

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!

***
“De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto”.
(Ruy Barbosa)

2 comentários:

  1. o homem chega a desanimar da virtude,
    a rir-se da honra,
    a ter vergonha de ser honesto.
    Esse é meu maior medo, que todos achem que o correto é ser repleto de nulidades, desonra etc.
    But I see A light in the darkness

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  2. Enquanto exista a luz dentro de mim o escuro que me rodeia não me assusta... apenas me entristece... se eu deixar!

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